Tudo e nada

“Quando viram a coragem de Pedro e de João, e notaram que eles eram homens comuns e sem instrução, ficaram admirados. E perceberam que eles haviam estado com Jesus.” – Atos 4:13.

Cheguei à cabeceira da ponte entre dois mundos e a água do batismo me encheu de paz. No velho caminho ficaram meus amigos; abriu-se uma enorme brecha, não me chamam mais.

Os cumprimentei de longe e os deixei em seu ambiente, perseguindo suas metas com obstinação e tenacidade. Eu levava a Bíblia como bússola certa e uma melodia de esperança dentro do coração.

Dona Cegonha, sempre graciosa e elegante, deixou a joalheria da rua central. Vive em um chalé grande e tem quatro filhos; pôs um negócio próprio em uma grande capital. Senhorita Sabiá, que sonhava conquistar a ópera, vai recolhendo aplausos, tem um grande futuro. Seu João de Barro é diarista; Siriema é advogada. Eu anuncio um paraíso que logo há de vir.

Outros que se empenharam em distintas carreiras alcançaram seu objetivo, como o Dr. Elefante, cirurgião famoso, e o jovem Salmão, que ganhou seis medalhas por ser bom nadador. Aquele tal Gambá, que amedrontava o bairro apedrejando os vidros de qualquer lugar, agora é um tenente que exibe o brilho de suas medalhas, talvez nada o impeça de chegar a ser general.

Alguns foram bons amigos, eu também gostava deles. A vida, com seus muitos caminhos, nos separou. Escolheram as metas tangíveis e próximas; a eles parecia ilusão o que oferecia Deus. Me olhavam com lástima: que trabalho tão simples e humilde! Nem títulos, nem aplausos, nem ambições materiais, … só… isso!

Discuti com o ouro; o tratei como usurário e agiota. Não competi por láureas porque me dava por igual ter e não ter. Talvez não cruzem nunca para este lado margem do rio, porque eles veem as coisas de modo tão diferente.

Vão continuar gozando o tudo do seu nada;

Eu, por outro lado, amo este “nada”

Que me há dado TUDO!

“Visto que ele nem mesmo poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, será que, junto com ele, não nos dará também bondosamente todas as outras coisas?” – Romanos 8:32.

“Contudo, as coisas que para mim eram ganho, eu considerei como perda por causa do Cristo. Mais do que isso, considero realmente todas as coisas como perda, por causa do valor superior do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele aceitei a perda de todas as coisas e as considero simplesmente como lixo, para poder ganhar a Cristo.” – Filipenses 3:7, 8.