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O último diagnóstico: Projeto básico (5/5)

“Confie em Jeová e faça o bem; resida na terra e aja com fidelidade. Encontre a mais plena alegria em Jeová, e ele lhe concederá os desejos do seu coração.” – Salmo 37:3, 4.

Senhor arquiteto, te encarrego de minha casa.

Desenhei nos planos janelas bem grandes que mostrem a vida que se move lá fora, o céu e as nuvens, as pessoas que passam, os animais que brincam, as flores que crescem.

Quero um terraço de onde possa olhar as estrelas e a lua, fechar os olhos e sentir meu íntimo invocar uma oração de agradecimento e cantar em silêncio a glória de Deus

Quero um sótão grande, para guardar as lembranças queridas de todos meus amigos e de tudo que eu conhecer em minhas viagens por esse novo mundo.

Eu vou ajudá-lo a encher as vigas de muito cimento para que fiquem bem firmes quer o solo trema, ou brama o vento, ou eu encha demais o sótão.

Não anseio uma casa que me prenda lá dentro ou restrinja sequer meus pensamentos, ignorando o inverno ou o verão, o outono ou a primavera. Quero sentir o calor de meus amigos durante o inverno, a brisa suave no rosto nas tardes de verão, o aconchego durante os chás de fim de tarde no outono, o perfume das flores na primavera.

Faça um balcão bem grande e oco para que eu possa escutar o latido do tempo, que cheguem as ondas sonoras que viajam com mensagens puras do espaço eterno. Não tenho desejado nunca viver em uma casa que edifica um néscio, rindo sem trégua enquanto outros choram, contando moedas enquanto outros oram.

No pátio aberto vou plantar vinhedos e um pinheiro que atraia as aves do céu a seus nobres ramos para me acordar nas manhãs de primavera com seus alaridos.

Não necessito de salas antipânico nem cofres secretos. O melhor que tenho já está bem resguardado, pois o levo dentro de mim, em meu coração.

Quanto a esse vazio que fica no meio, poderia ser um vasto salão de reuniões para longas conversas ou para meditação.

Note que no teto quero uma grande lâmpada branca, para que sua luz abundante derrame, duplicando à noite os dias que fogem em espelhos de nítidas imagens.

É nesta sala que me proponho ter um reencontro com todos os rostos que se hão somado, tanto dos vivos como dos mortos, em diferentes épocas, em diferentes horas, a olhar minha vida. Não somente os gratos e os amigáveis, não somente os doces e os compreensivos. Também houve outros, talvez por minha culpa, que se separaram com um gesto esquivo.

Que prazer maravilhoso seria recebê-los e vê-los de novo, sem nenhuma raiz de amargura, macios e suaves, transformados e polidos, como essas pedras que rodeiam o vai e vem do rio! E que me dissessem: “– Tu também com o tempo tens mudado; tua amizade é como uma ânfora nova onde os lábios descansam confiantes na busca da água que anima e refresca.”

Lá fora, à beira do rio, quero duas escadas que se encontrem em um meio onde vou colocar as cadeiras ao redor de uma fogueira para passar horas alegres com minha família e meus amigos degustando um milho na brasa ou um queijo no espeto. Próximo dali um pequeno barco para conversas sublimes que fortalecem o matrimônio.

Não se esqueças da ponte, por favor. Não quero que nada me separe daqueles que vivem do outro lado do rio. Veja! O caminho já está lá. É só fazer a ponte. Eles também fazem parte da minha família!

Por isso te digo, senhor arquiteto, não desenhes uma casa mesquinha em que se tenha de calcular tudo o que cabe, reservada, que pareça um baú de tesouro antigo, perdido e lacrado, em que seja inútil provar qualquer chave que o abra.

Quero que seja muito mais que um lugar que tantos, ao passar, se esqueçam.

Quero que a ela voltem sempre os que amam a vida, os que Deus bendiz, porque semeiam a paz.


“Venha o teu Reino.” – Mateus 6:10.

“Persistam, então, em buscar primeiro o Reino e a justiça de Deus, e todas essas outras coisas lhes serão acrescentadas.” – Mateus 6:33.